terça-feira, 24 de novembro de 2015

O mundo de Sophie

Às vezes a gente demora para perceber quanto alguma coisa faz falta, como nos renegamos a perceber isso. Sim, esse é um texto sobre a minha cadela, Sophie. A cachorrinha mais mal-humorada de todos os tempos.
Lembro-me do meu primeiro dia com ela, quando eu e meu pai a tiramos daquela casa onde ela vivia de uma forma simplesmente deprimente. A gente cuidou e, sim, mimamos muito ela. Eu passei essa primeira tarde quase mordendo ela toda, não me julguem, então foi de partir o coração ouvir o choro dela quando eu sai pro inglês. Ali eu sabia que eu a amava.
Mas eu, como quem me conhece, não sou uma pessoa de extrema paciência e ahh como ela me irritava as vezes. meu. deus. Ela odiava a vassoura. O som alto. O liquidificador. As panelas. Visitas. Telefone. E O FAZEDOR DE GELO. Era só fazer isso e se preparar pro latido mais agoniante da vida seguido de mil voltas atrás do próprio rabo. 
Nenhum vizinho sabe o meu nome mas no elevador eles faziam questão de perguntar: "e a Sophie como ta? Escuto sempre sua mãe com ela" (vulgo: sua mãe é uma descontrolada que só grita Sophie o dia todo.)
Sim, isso acontecia. Mas além disso tinha aquela corridinha engraçada dela, ela deitada na rua depois de andar 1 metro, a gente brincando de bola, porquinho ou de quem late mais. Ela deitava na minha cama quando eu mais precisava dela. 
Hoje, quando eu apertei aquele fazedor de gelo e esperei ela chegar, percebi que de todas as coisas que o meu pai me tirou essa foi como uma faca no coração, mas que até agora eu não tinha tido coragem de puxar de lá. E a Sophie, a minha Sophie, que me enchia o saco não tem ideia do que é não te-la mais para  morder o meu nariz.



terça-feira, 3 de novembro de 2015

Party Girls Don't Get Hurt

Noite. Algum aperitivo qualquer que ninguém vai comer, porque não viemos aqui para isso.
Viemos pelas garrafas do ganso que brilha. Cinco, dez pessoas, quinze garrafas, ISSO, é o que importa na nossa festa. Pega o seu celular e filma a gente nesse shot, mostra pro mundo que eu tenho tudo, que eu não tenho nenhum limite, que eu não me importo com o que pensam de mim. Mostra para eles que eu sei o significado da diversão, da progressividade. Ninguém me alcança aqui. Nem eu me alcanço mais.